Tenho lido todos os livros de José Rodrigues dos Santos e, talvez tenha sido este, o que mais me entusiasmou. Este, bem como “A Filha do Capitão” foram os que considero, de facto, romances.
A par de um enredo romântico que prende desde o início a atenção do leitor, José Rodrigues dos Santos aproveita ainda para fazer umas incursões históricas interessantes que se inserem com grande oportunidade e sem quebrarem o ritmo do romance.
Fala-nos dos primeiros tempos do Salazar no governo, ainda na pasta das Finanças, e depois de 1932, de um Portugal imerso num regime em que Salazar, já como Presidente do Conselho de Ministros, implementou um governo ditatorial antiliberal e anticomunista baseado nos valores autoritários Deus Pátria e Família e respectivas consequências. Fala-nos da PVDE (predecessora da PIDE) e no obscurantismo que grassava pelo país traduzido em algumas das acções descritas no romance.
Aborda ainda, de uma forma bastante aprofundada e crua, até, a Guerra Civil espanhola e a intervenção de Portugal (sempre com duas atitudes: a oficial, firmada por acordos e a que de facto desenvolvia), bem como a importância da actuação da Legião no combate aos revoltosos.
Bom, estes são os aspectos históricos que se pode considerar constituírem até um cariz didáctico que se dissolve enquanto se vai desenrolando o romance com o seu dramatismo e as suas peculiaridades.
Como é hábito, o autor utiliza uma linguagem simples e clara, sem ser banal, tendo este livro a particularidade de reproduzir, de uma forma interessantíssima, a linguagem típica e cerrada das gentes do norte a qual me é tão familiar.
Gostei.
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