segunda-feira, 18 de maio de 2009

“A Herança de Roma” de António Estrela Teixeira


Apesar da longa lista de livros que ainda não li e que pretendo ler e de o tempo me parecer tão pouco para o fazer, está visto que estou em maré de releituras.

Na sequência de uma procura que estive a fazer acerca das origens do topónimo “Maia” surgiram-me um sem número de evidências da presença romana na região. E, passe a expressão, estas coisas são como as cerejas: cada aspecto interessante que encontro, leva-me a buscar outro, depois ainda outro num nunca acabar de demandas.

Foi desta forma que decidi reler o livro “A Herança de Roma” de António Estrela Teixeira. De início ia reler apenas os aspectos que se prendiam com a Península Ibérica, sobretudo com Portugal, é claro. Contudo, depois de iniciada a sua leitura, fui prosseguindo de capítulo em capítulo quase que esquecendo o objectivo inicial.

Trata-se de uma obra muito minuciosa, clara na forma como expõe as suas conclusões, com dados muito concretos utilizando até métodos “quantificadores”, de uso comum na área da economia mas, tanto quanto sei, inéditos na área científica da História. Muito bem documentado, denota um trabalho reflectido e muito aprofundado. Evoca um número elevado de referências bibliográficas interessantes.

Explica de uma forma inteligente e pouco habitual a união de espaços geográficos tão diversos e com ocupações demográficas e culturais tão diferentes como é, por exemplo o caso dos países que constituem a actual União Europeia, baseando-se para tal no modelo do Império romano.

Procura mostrar o grau de influência civilizacional que os povos dominadores têm sobre os dominados,”quantificando-o” para o que utiliza formulas matemáticas simples onde entra em linha de conta com: o tempo de permanência na zona ocupada, a distância e o grau de dificuldade em a atingir (tendo como referência Roma), os níveis civilizacionais da população dominada e da dominante, a coesão social interna (item muito interessante) e a percentagem de população pertencente ao povo dominador que de facto habitava as zonas ocupadas.

O estudo do Império romano e a forma como a língua latina se difundiu nas áreas sob a sua influência (que o autor subdividiu em 14 regiões de acordo com critérios baseados em aspectos geográficos, históricos, linguísticos, religiosos… para facilidade a análise), servem de ponto de partida para o estudo de outros impérios mais recentes, para o avanço para outras áreas, outros temas bem mais profundos.

Livro muito interessante, inovador na sua metodologia e que nos espicaça a curiosidade para partir para outras buscas.

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