quinta-feira, 28 de maio de 2009

Os detectives selvagens de Roberto Bolaño


Como, normalmente, sou apreciadora da literatura sul-americana em relação à qual tenho tido surpresas deveras gratificantes mesmo com autores que não conhecia, o que é também o caso, quando vi “Os detectives Selvagens” nos escaparates da livraria e depois de ler a resenha que o acompanha, os prémios que ganhou, e as críticas credíveis que constam da contra-capa, comprei-o de imediato e, logo que pude, dei início à sua leitura.

Esta revelou-se uma grande empreitada. Em primeiro lugar porque o livro é bastante grande embora isso não constitua problema, apenas leva mais tempo. Depois porque não foi, para mim, de leitura fácil. Tive, algumas vezes, de voltar atrás para me reposicionar em relação à personagem que intervinha no momento.

Apesar dessa “dificuldade”, apenas minha certamente, considero que li uma excelente obra.

Sob o pretexto de procurarem a sua mentora, exilada voluntariamente talvez para o deserto de Sonora, dois poetas enigmáticos pertencentes ao movimento “real visceralismo” percorrem vários locais da América do sul, da Ásia Menor e até da Europa tendo vivido um mundo de situações. Este movimento (realismo visceral), vanguardista (anos 50) surge numa tentativa de revolucionar o campo literário mexicano opondo-se àqueles que são considerados os pais da literatura hispano-americana: Octávio Paz (prémio Nobel da literatura) e Pablo Neruda.

Assim, escrito sempre em forma de diário com 96 entradas correspondendo a 53 vozes (daí por vezes a dificuldade em perceber quem é quem), por um período de cerca de 20 anos, vamos lendo histórias apaixonantes escritas por personagens incríveis que, de um modo ou de outro, cruzaram as suas vidas com esses dois poetas em demanda.

As histórias, revelavam-se umas deveras excêntricas, outras com o intuito de ridicularizar alguns sectores da sociedade, outras, mais reais e mais simples, mas não menos curiosas, algumas verdadeiramente dramáticas... Enfim, uma chusma de referências literárias ficcionais mas sobretudo poéticas, que nos inebria pela forma como somos apanhados pelo mundo das letras, da escrita, da poesia.

A ler com atenção!

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