Fiquei terrivelmente satisfeita quando vi nos escaparates o novo livro da autora da qual sou fã, e comprei-o de imediato.
Li-o logo que terminei o que tinha em mãos e confesso, não sem alguma tristeza, que fiquei bastante desapontada.
Após a qualidade revelada no seu “Flor de Sal”, excelente obra, na qual revelava a maturidade plena da escritora que é, apenas consegui encontrar neste uma sombra dessa escritora.
Na realidade achei o livro muito aquém de quase todos os que conheço de Rosa Lobato de Faria (e creio que os li todos, mesmo contos inseridos em colectâneas).
Mais uma vez a autora joga com o Tempo, modelo que resultou perfeito no “Flor de Sal” mas que, aqui, resulta pouco. Na minha opinião, estas mudanças de tempo, acabam por se perder num labirinto de intenções sem que nunca se venha a conseguir uma coesão entre os vários tempos; talvez mais valesse contar três histórias distintas em três séculos distintos, sei lá…
Em termos literários também se me afigurou alguma desconexão na sua escrita. Pareceu-me haver um certo exagero na mistura de tons literários: escrita directa, discursiva, pragmática que, de repente é interrompida por belíssimos trechos de prosa poética sem que se entenda muito bem essa amálgama de géneros. Na minha opinião, longe de beneficiar a narrativa, só a prejudica tornando-a fragmentada e dando até, por vezes, a ideia de a autora não ter, ela própria, encontrado o tom pretendido.
Também as personagens, para meu desgosto, são do mais estereotipado possível nas três épocas a que o livro se refere.
Enfim, lê-se com agrado, não é um mau livro mas fica muito aquém das expectativas que eu ainda tenho em relação à autora.
Considero que foi uma estreia infeliz na nova Editora que a representa.
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