quinta-feira, 21 de maio de 2009

Os Órfãos do Mal - Nicolas D'Estienne D'Orves


Pois bem, parece-me que, ultimamente tenho tido alguma pontaria para livros que me deixam um tanto desapontada.

Nem era muito comum acontecer-me mas, ou porque esteja mais exigente, ou porque tenho tantos livros para ler e o tempo é tão pouco, custa-me gastá-lo com aqueles cuja mais-valia é escassa, quando poderia ter grandes proveitos com outro, quem sabe?

Contudo, ainda não sou capaz de largar um livro sem o acabar. Dou-lhe sempre o benefício da dúvida e, a verdade, é que já tenho tido enormíssimas surpresas (positivas, claro).

Comprei e comecei a ler este romance muito motivada. Por algumas críticas abonatórias que tinha lido a seu respeito mas, essencialmente pelo momento histórico que aborda com todos os seus horrores e ainda um pouco com um certo secretismo que se mantém em seu torno. O assunto, para mim, mais empolgante e que é bandeira do livro, era o “Lebensborn” em relação ao qual tenho uma grande curiosidade.

O Liebenborn, em termos muito básicos, tratou-se de um programa que Heinrich Himmler pôs em prática e que se traduzia na ajuda a jovens e mulheres “racialmente puras”, possibilitando-lhes, secretamente, darem à luz uma criança que seria entregue às SS que trataria da sua adopção e educação. Embora inicialmente fosse este o objectivo das casas mantidas, pelo programa para o efeito, acabaram por se converter também em locais de encontro entre mulheres de “raça ariana pura” e oficiais da SS com o objectivo da criação da tal “super-raça”.Enfim, era isto e sabemos lá que mais…

Bom. O que eu posso dizer é que a leitura do romance me deixou um certo amargo de boca. Não era com isto que eu contava. É um romance que de facto baseia toda a sua trama em personagens e locais ligados aos horrores vividos durante o período nazi, sobretudo, de facto, no que concerne aos “viveiros de crianças” mas que o faz de uma forma pouco séria, exageradamente ficcionada.

É um thriller, eu sei (pelo menos assim vem classificado), trata-se de um romance, portanto ficcionado mas, já que se abordam aspectos históricos tão importantes, não lhe faria mal nenhum um pouco mais de rigor.

O enredo passa-se a dois tempos: 1987 e 2005. Mas, para complicar um pouco mais, surgem textos, vitais para o enredo, anteriores, contemporâneos e ligeiramente posteriores ao período da II Guerra…

Pois é. Por vezes torna-se complicado seguir, sem percalços, o percurso das personagens dado que vão tomando diferentes nomes nos diversos documentos que contextualizavam livros de uma famosa autora e que vão surgindo.

Como já referi, não é completamente desinteressante como um thriller que pode muito bem até vir a ter uma sequela. Mas perde, na minha modestíssima opinião pelo exagero do intrincado da trama em desfavor dos dados históricos que só poderiam enriquecê-lo.

Está bem escrito, motiva o leitor, contudo, como já disse, ficou muito aquém das expectativas, das minhas, claro.

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