Li este livro que há já algum tempo me despertava a curiosidade. Desde o momento em que li “Por detrás da magnólia” que criei algumas expectativas em relação à leitura deste.
Baseado num caso real (Carolina Loff militante do partido comunista nos anos 30), o enredo desenrola-se em três planos distintos:
A própria vida da personagem quando acontece; alguém que a conta como a memória de algo que aconteceu há algum tempo, e a investigação actual do argumentista, sobretudo no que diz respeito aqueles pontos mais obscuros ou até desconhecidos da história de Zulmira, com vista a transformá-la em filme.
Abordando temas de grande interesse como as condições sócio-culturais do início dos anos 50 em Portugal, o fascismo e os seus podres, a PIDE e as suas “boas” práticas e a vida na clandestinidade dos militantes comunistas, tinha ingredientes de sobra para ser uma obra de grande interesse.
Deixou-me, no entanto, com uma sensação de “morno”. Aborda muitas coisas mas dá-nos pouco. Prende-se em anfibologias, cenas suspensas para as quais não consegui descortinar outras razões que não essa própria ambiguidade perdendo-se um pouco a história.
Mesmo “le plat de résistence” a personagem Zulmira, é toda ela cheia de equívocos, creio que intencionais, claro, mas que a tornam pouco consistente; passa-nos pelo meio dos dedos...
O livro está extraordinariamente bem escrito, ou não tivesse sido seu autor Vasco Graça Moura, o que proporciona, só por si, uma leitura extremamente agradável.
Embora esperasse um pouco mais, vale a pena ler. São 164 páginas de excelente literatura que se lêem com imenso agrado.
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