domingo, 9 de agosto de 2009

“No teu deserto” de Miguel de Sousa Tavares



Li a maior parte dos livros de Miguel de Sousa Tavares e, todos eles, me proporcionaram deliciosos momentos de leitura.

Uns, excelentes crónicas de viagens, tiveram o condão de me conduzir a locais nunca por mim imaginados, exóticos destinos que me proporcionaram momentos de aventura e de adrenalina. Outros, belíssimos romances de cariz histórico transportaram-me através da linguagem despretensiosa, despida, de alguém para quem a comunicação é um acto físico, a momentos bem significativos da nossa memória colectiva de portugueses, “sentada” na ficção.

É claro que comprei este tão depressa o vi nos escaparates da livraria.

Hoje li-o na praia. É pequeno, tem 125 páginas.

Contudo são cento e vinte e cinco páginas em que o autor se expõe nas palavras simples, auto-biográficas, algumas no feminino (não tão auto-biográficas), com que prende irremediavelmente o leitor.

E tem razão, Sousa Tavares, quando lhe chama um “quase romance”. É um “quase romance”porque não chega a sê-lo; falta-lhe aquilo que só agora foi dito. Quiçá demasiado tarde para que fosse um romance. É também quase uma crónica de viagem mas faltam-lhe os inúmeros pormenores que sempre povoam as suas aventuras de viajante compulsivo.

É, quanto a mim, muito simplesmente uma história do muito que ficou por dizer a alguém e que nunca mais poderá ser dito.

Gostei.

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