quinta-feira, 16 de julho de 2009

“Rebeldes” de Sandor Márai


Foi com grande curiosidade e grandes expectativas que comprei e, aldrabando a lista dos que esperam, comecei a ler este livro.

Havia lido três livros deste autor (“A mulher certa”, “As velas ardem até ao fim” e a “Herança de Eszter”), penso que todos os que existem em português e, gostei tanto deles que não tive paciência para aguardar mais tempo.

Grande decepção! É sempre assim, creio, quando temos expectativas muito elevadas… Mas, na verdade, julgo que não é apenas uma questão de não ter atingido a fasquia onde eu a tinha, com toda a propriedade, colocado. Não. Na minha opinião o livro não exibe nem de longe, nem de perto, a qualidade observada nos que anteriormente referi.

Passado numa zona remota da Hungria, nos finais da Primeira Grande Guerra, longe da acção mas sofrendo, do mesmo modo, as inconveniências nefastas pela ausência dos homens válidos ainda na frente de batalha, é-nos contada a história de quatro jovens “rebeldes” e um estranho amigo, actor. Longe do jugo dos pais, anseiam pela liberdade e, talvez, por muito mais …

E é aí que tudo se confunde.

É difícil de ler porque pouco perceptível. O autor não se define em termos de intenções. É dúbio, denso, pouco claro.

Julgo que procura, como tema, abordar as grandes amizades juvenis, a definição da sexualidade, o erotismo no seu auge mas também ainda reprimido pelo pudor. Tudo isto, já de si nada fácil, à mistura com a intriga, a traição, o amor (ambíguo nas inclinações e nas aversões) só pode redundar em tragédia.

Pelo meio fica o desconsolo. Desde o início ao fim do livro esperei aquela centelha (que muitas vezes não se encontra logo), que me iria fazer, finalmente, reconhecer o autor que eu contava aqui encontrar.

Espera vã. Tal não aconteceu. A narrativa manteve-se sempre enrolada, pouco clara e, cheguei ao fim, sem conseguir um retrato psicológico minimamente capaz de cada personagem.

Estranho. Porque se há aspecto em que este autor se destaca, nos restantes livros, é exactamente na composição psicológica das personagens de uma riqueza tal que, a dado momento, parecemos estar na sua pele a viver as suas vidas, a pensar por eles.

Bom, não digo para não o ler. Esta é apenas a minha opinião. Mas se não leram ainda os outros, privilegiem-nos.

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