domingo, 26 de julho de 2009

“A Lista da Morte” de Julie Garwood


Quando li a sinopse deste livro, embora não conhecesse a autora, pareceu-me que se tratava de um thriller policial, psicológico ou, pelo menos com algum suspense.

Já vos disse que gosto bastante desse género literário quando bem escrito.

Pois que não é. Pois que o livro me saiu de enredo cor-de-rosa do tipo dos romances de cordel. Apenas aqui a heroína não é desgraçadinha nem órfã de pai ou mãe, mas sim uma herdeira riquíssima, nem o “príncipe” salvador anda atrás do seu dote. Desenganem-se. É amor do puro, do bom, daquele que se encontra muito nos filmes, nos romances… Enfim, por aí!

Ah! Não esquecer. Além de inteligentíssimos são ambos de cortar a respiração (e não é necessário ser-se asmático) a quem olha.

Agora poderão perguntar, tal como eu me perguntei: quem faz estas belíssimas sinopses?

Pois bem, só posso concluir que ou não leu o livro todo, ou estava algo distraído.

Embora se possam encontrar uns assassinatos logo no início e lá mais para o meio, tais eventos, não acrescentam nem tiram nada ao enredo. São meros enfeites plantados nas margens daquele amor tão lindo…

É verdade que justificam a presença do herói por quem a heroína se apaixona irremediavelmente, tendo a sorte (incrível!) de ser correspondido no processo!

Bem, poder-me-ão perguntar também: porque leste? E eu terei de confessar que, além de detestar não acabar um livro iniciado, nunca o faço, a verdade é que também é bom pintar a alma de cor-de-rosa e viajar para o reino da fantasia. Na minha adolescência, talvez até mais pré-adolescência (sempre fui algo precoce), também li com as outras colegas de liceu alguns desses de cordel que me faziam sonhar muito e, afinal, não me fizeram mal a nada! E, convenhamos, este pelo menos não estava mal escrito!

Portanto, minhas amigas e amigos, a ler, sem dúvida, se apreciam literatura rosadita. Ah! Vejam só, aparentemente vai ter sequela…

quinta-feira, 16 de julho de 2009

“Rebeldes” de Sandor Márai


Foi com grande curiosidade e grandes expectativas que comprei e, aldrabando a lista dos que esperam, comecei a ler este livro.

Havia lido três livros deste autor (“A mulher certa”, “As velas ardem até ao fim” e a “Herança de Eszter”), penso que todos os que existem em português e, gostei tanto deles que não tive paciência para aguardar mais tempo.

Grande decepção! É sempre assim, creio, quando temos expectativas muito elevadas… Mas, na verdade, julgo que não é apenas uma questão de não ter atingido a fasquia onde eu a tinha, com toda a propriedade, colocado. Não. Na minha opinião o livro não exibe nem de longe, nem de perto, a qualidade observada nos que anteriormente referi.

Passado numa zona remota da Hungria, nos finais da Primeira Grande Guerra, longe da acção mas sofrendo, do mesmo modo, as inconveniências nefastas pela ausência dos homens válidos ainda na frente de batalha, é-nos contada a história de quatro jovens “rebeldes” e um estranho amigo, actor. Longe do jugo dos pais, anseiam pela liberdade e, talvez, por muito mais …

E é aí que tudo se confunde.

É difícil de ler porque pouco perceptível. O autor não se define em termos de intenções. É dúbio, denso, pouco claro.

Julgo que procura, como tema, abordar as grandes amizades juvenis, a definição da sexualidade, o erotismo no seu auge mas também ainda reprimido pelo pudor. Tudo isto, já de si nada fácil, à mistura com a intriga, a traição, o amor (ambíguo nas inclinações e nas aversões) só pode redundar em tragédia.

Pelo meio fica o desconsolo. Desde o início ao fim do livro esperei aquela centelha (que muitas vezes não se encontra logo), que me iria fazer, finalmente, reconhecer o autor que eu contava aqui encontrar.

Espera vã. Tal não aconteceu. A narrativa manteve-se sempre enrolada, pouco clara e, cheguei ao fim, sem conseguir um retrato psicológico minimamente capaz de cada personagem.

Estranho. Porque se há aspecto em que este autor se destaca, nos restantes livros, é exactamente na composição psicológica das personagens de uma riqueza tal que, a dado momento, parecemos estar na sua pele a viver as suas vidas, a pensar por eles.

Bom, não digo para não o ler. Esta é apenas a minha opinião. Mas se não leram ainda os outros, privilegiem-nos.

domingo, 5 de julho de 2009

"O Rapaz do Pijama às Riscas" de John Boyne


Acabei hoje de o ler e, em boa verdade, não posso dizer que me tenha causado a impressão que eu esperara.

Enfim; lê-se bem, lê-se rápido, mas é morno.

Sobretudo para quem, como eu, leu “Como o Soldado Conserta o Gramofone” de Sasa Stanisic que falava sobre o mesmo tema, os judeus (e não só) na 2ª Guerra Mundial e, curiosamente, com uma abordagem muito semelhante, não pode evitar uma sensação de defraudamento.

Esperava mais. Esperava mais não só porque o assunto o merecia mas também pela inundação de publicidade com que fomos bombardeados em relação ao livro e, posteriormente, ao filme. Eu cá tenho as minhas razões para desconfiar destas badalações…

Bom, voltando ao livro. Lê-se de um fôlego, é pequeno e sem engulhos de leitura, e não posso dizer que me tenha sido indiferente. Não foi. Acompanhou-me sempre uma sensação algo perturbadora. Não pelo que acontecia mas, precisamente, pelo que não acontecia… É que a ingenuidade do protagonista/narrador é tal que aflige.

À medida que vamos lendo, vamos sendo confrontados, ou melhor, nem isso; vamos intuindo (de acordo com a nossa capacidade para o fazer a qual, neste caso, se prende também com o nosso conhecimento acerca desta época específica) os horrores do campo de concentração, o extermínio dos prisioneiros, sem que o narrador, uma criança de nove anos, tenha disso (estranhamente) a menor consciência.

Vai procurando explicações para aquilo que vai observando sempre no contexto do mundo que ele conhece; o do lado de cá da vedação e muito limitado.

Estranho que sendo a criança filha de um oficial de alta patente, digno da visita do Fuhrer para jantar, nem sequer tenha a consciência da diferença entre uma farda e um uniforme de prisioneiro.

Ele havia coisas estranhas naquele tempo, naquele país, não havia?

Na volta não passou tudo de uma enorme ingenuidade…